Bailado das Abelhas

® Todos os direitos reservados à autora - Cida Becker/2006

16.1.12

Amo-te


Amo-te tant0
quanto é possível amar.

Amo teu tato, teu abraço
Tudo em ti me faz sorrir.

Enquanto vou te amando
lentamente vou sorvendo a paz
embutida em teu peito.

Em ti vejo tudo em harmonia
mesmo os vendavais que
por vezes se mostram
tu recebes a tudo
na paz que soa como sonata.

13.10.11

Amor Antigo


Quantos encantos
deste~me na vida
Caminhamos juntos
num tempo veloz.

Passei a adolecência
Voamos pela maturidade
De mãos dadas
Invadimos a velhice.

Nosso amor transpos mares
Ganhou rincões longícuos
E nós de mãos dadas espantados
Vibramos com tudo isto.

5.10.11


Eis que chego a esta idade
Eis que vislumbro o passado
Eis que vivendo o presente
Acordo muitas saudades.

Não choro, nem rio, bato palmas
A cada trilha vencida
Não sou navio ancorado
Nem sombra de um belo passado.

Sou presente, sou esperança
ruelas , avenidas, calçadas
Sou pedaço vivo de cantos
Cantos que vou cantando
Sonhando com meu futuro.

28.9.11

Geni


Filha de família aristocráta, Geni não teve sorte com dinheiro. Alegre, cabelos negros, tingidos, seus olhinhos pareciam duas bolitas de gude, principalmente quando o assunto beirava a sexo. Vibração geral ao visitar parentes encontrar as meninas na fase adolescente ou adultas jovens. Viúva tinha dois filhos que a orgulhavam e muito.

Não podia encontrar as primas da terceira ou quarta geração que queria saber todos os detalhes do namoro, noivado ou casamento recém feito. Seu sorriso ébrio de sexo fazia perguntas sem parar. Estonteantemente pintada fazia da boca um coração de caixa de bombons.

Isto tudo se passava na década de 60, onde a sociedade dava sua virada de costumes. Geni trazia a resposta pronta. Já era a virada dos costumes.

Seu grande problema – ser viúva-, não podendo realizar as proezas de sexo que tanto a agoniava e havia dado muito prazer ao felizardo marido falecido do ataque de coração.

Fazendo parte de família aristocrática, embora pobre e dona de pensão, estava proibida de casar ou manter relacionamento com homens. Saboreava nas meninas o que contavam ,sempre perguntando mais. As travessas. inventavam um pouco, fazendo Geni subir pelas paredes em arrepios. A idade da Aristocrata era uma indagação. Poderia ter entre 60 e 70 anos , ou quem sabe até mais.

Um certo dia uma das meninas admiradoras da Geni, perguntou: _ porque tu não te casas de novo?

A dona da pensão respondeu com deboche:_ puta não, mulher de mais um homem é puta por mais que eu seja avançada.

A gurizada ficou de olho arregalado.Pensando bem Geni tinha razão, foi isto que aprenderam com os pais. Retrucou a mais nova da turma: _tu és viúva? Geni riu, dobrando as pernas: ¨_è verdade, mas não deixa de ser dois pirulitos diferentes!. A turma se lavou de rir .

Passado um tempo deram por falta da prima Geni.Estará doente ? Morreu?_ Mãe, perguntou a guria mais velha, que fim deu a Geni, nunca mais veio almoçar, filar a bóia, Sei que vendeu a pensão faz tempo, ela mesmo contou e até falou da visita de almoço nas casas das primas para poder comer.

Eram 17h e 30 minutos tocam na campainha. Geni de chapéu , traje colorido , com a boca bem lambuzada de batom se apresenta:_ meu marido Vitorino, enteado Ataliba , abana-se com leque. Sentam se os três no sofá,diz:¨tudo em cima, valeu a pena. O que a aristrocracia não me ofereceu, deram-me os dois pirulitos.Um do finado, outro do meu italiano amoroso. Beija-o docemente ostentando a aliança grossa no dedo anular.

A turma jovem beijou Geni numa só gargalhada. Sentiram-se libertas, por alguns minutos, das algemas aristocráticas.

No Velório


No velório de Madame Burnie chamava a atenção de todos um padre de batina surrada e pés escondidos embaixo da cadeira. Espiavam mais para o padre do que para o caixão de madame.

Sabia-se que ela era muito católica e membro de muitas entidades de caridade,por isto não suspeitavam do motivo daquele homem de tranqüilidade aparente estar sentado a tanto tempo a rezar sem terço nem livro de orações. Mas,era certo de que causava estranheza a batina, o silêncio da reza e o tempo que ali estava sem se mexer.

Mme. Burnie falava um Português arranhado pois era Belga do Sul e casara -se cedo com um francês que morreu em seguida, na Segunda Guerra em campos de batalhas quando da invasão alemã na França.

Ficou por muitos anos triste e sem esperanças. Dedicou a vida a fazer caridade. Cuidava de doentes na retaguarda das batalhas e finda a catástrofe passou a preocupar-se com todos os assuntos relacionados a miséria humana.

. A esperança voltou quando conheceu um médico brasileiro estudante da Sorbone e com este contraiu matrimônio e vieram para o Brasil. Mme. Burnie como era conhecida não deixou a caridade e passou a cuidar de mendigos, velhos abandonados, cães de rua ,meninos carentes, e outras situações onde era necessária a sua pessoa. Sempre muito católica andava de Terço na bolsa e estava cuidadosamente na moda das roupas tanto íntimas como as de uso externo. Nunca dispensou sapatos altos, nem os chinelos de quarto tinham salto baixo. Preconceitos deixava de lado.

Freqüentava várias igrejas, mas a que mais a agradava era a do seu Bairro, pois podia fazer sua ronda por vários mendigos vindos de uma vila miserável a poucas quadras da Igreja..O marido bom ser humano nunca se importou com as manias da mulher. Não tiveram filhos. “foi Deus que não quis” era o que dizia.

No seu enterro não se notava outro padre. Somente o de batina e timidez. Muitas flores sim, de todas entidades de caridade onde trabalhava .

De vagar começou a exalar um odor ruim, mas não vinha do caixão . Era do homem da batina. Apressaram o funeral. O sacerdote da paróquia de Mme. Burnier foi encarregado da encomendação e a fez bem mais rápido do que o esperado.

Chegou, cumprimentou os poucos parentes , o marido lastimoso fazendo logo seu ofício. Não deu para celebrar missa de corpo presente tal o mau odor.

Bem depois de ter ocorrido o sepultamento Aquiles levantou-se erguendo a batina e calçando o sapato de salto vermelho, ambos dados por Mme. Burnier, chorou copiosamente.

Depois daquele triste dia passou a fazer ponto de esmolas na frente do cemitério. O sapato vermelho e a batina foram sua vestimenta durante muitos verões e invernos.

22.9.11

Brasileirinha

Garota brasileira
És das mais faceiras.

Nos teus trejeitos
Nos teus jeitos
Tu és feitceira

Beijas com sabor de morangos.

Garota brasileira
É cheiroso teu cabelo
Teu rebolado é trigueiro
Teu sonhar verdadeiro.


31.8.11

Passe de mágica


Então infantes a correr pelas calçadas
num brincar colorido e sem revoltas

Então adolecentes a suspirar por amores
num procurar tranquilo o mar de rosas

Então maduros a distanciarem-se
Sem perderem-se nas distâncias

Então já velhos a abraçarem-se
num aconchego de saudades

E tudo flui , e tudo é um navegar
mais bonito que a propria eterniidade.

30.8.11

Sorriso


Teu sorriso me abriga
Me conforta e me seduz.

Sou pássaro, és ninho
És paz sou solidão.
Canto baixinho
Uma canção de amor
Teu sorriso povoa meu sonho
Sou feliz com teu conforto